Esta semana que passou, tive mais uma consulta com a minha psicóloga e outra com a minha psiquiatra. Todo o trabalho que tem sido realizado, quer por uma, quer por outra, tem contribuído imenso para que eu possa estar bem.
Eu, que evitava ao máximo qualquer tipo de medicação, consigo ver que tem sido uma aliada de peso para que consiga ter pensamentos mais ponderados e menos impulsivos, e que para que o meu estado anímico seja, na maioria dos dias, bom.
Na sessão terapêutica, com a minha psicóloga, debruçamo-nos muito sobre o tema “limites”. Limites esses que têm de ser levados em consideração em qualquer área da nossa vida. Temos que ser nós a impor os nossos próprios limites, seja no que os outros nos podem fazer, bem como naquilo que nos permitimos fazer.
Foi uma semana de fim de ciclos, em várias vertentes, algo que ao longo da minha vida, sempre foi um território desconhecido.
Tendencialmente, culpabilizava-me pelas situações que ocorriam e por conseguinte, desresponsabilizava outros intervenientes que estavam nessas situações comigo. Eu sinto um grande desconforto, quando estou numa zona cinzenta, à deriva. E era assim que eu próprio me colocava.
Se existe algo que tenho aprendido ao longo destes meses, é de facto colocar-me em primeiro lugar. Sou eu que tenho que definir onde quero estar e onde não quero estar e, a partir daí, tomar decisões em consonância com aquilo que quero. Parece cliché, mas desde que impus os meus limites, sinto-me mais leve.
Transportando isto, para aquilo que foram os anos em que fui um jogador compulsivo, mais do que qualquer evento traumático que me catapultou para começar a jogar, creio que foram mais as carências emocionais que tinha, que me colocaram nesse lugar. Essas carências emocionais, que nunca foram trabalhadas, aliadas a tudo o que a mente de uma pessoa que é viciada procura, resultou na minha história.
A conclusão a que chego, tendo como base aquilo que tenho estado a refletir nos últimos tempos, é que realmente temos que ser nós próprios a definir os nossos limites. No caso do jogo, esse limite foi definido, de forma tardia, mas de forma consciente.
Mais uma vez reitero aqui, que ninguém ultrapassa uma situação destas sozinho. Hoje, consigo chegar ao final do mês com dinheiro, consigo separar para poupança, consigo fazer uma vida normal e não abdicar de fazer o que quer que seja, por não ter dinheiro. Embora não seja muito, é bem melhor do que o que acontecia quando jogava, que era muitas vezes, ao fim de dois dias, não ter dinheiro nenhum.
Volto a dizer, não vale a pena tentarem sequer iniciar este processo, se não forem vocês próprios a tomar essa iniciativa e a estarem conscientes disso. Não vale a pena iniciarem este processo, por indicação ou sugestão de alguém. Falo por experiência própria. Não resulta. Até estarem comprometidos com a mudança, qualquer tentativa vai sair fracassada. Esta é a minha opinião.
Digam não ao jogo. Digam sim a uma vida normal.
(Se algum de vocês está a passar por uma fase complicada relacionada com este tema e precisar desabafar, podem entrar em contato comigo. Ninguém está sozinho.).