Quem me conheceu em criança, lembrar-se-á de mim como uma criança alegre, divertida, a alma da festa. Só que com o passar dos anos, fui-me tornando mais contido. Em grupo continuo a ser um autêntico “palhacinho”, mas nem sempre os mais extrovertidos, são os mais felizes. Durante muitos anos, não me senti feliz.

Hoje quero focar-me no meu processo terapêutico. Ontem tive mais uma consulta com a minha psicóloga. E o que era para ser uma consulta de uma hora, tornou-se numa sessão de quase 3 horas. Foram horas que passaram a correr, nem dei por elas. Tenho uma vida cheia de acontecimentos, que poderia ocupar um dia inteiro a contar.

Há cerca de três semanas, tive uma crise de ansiedade, que me levou às urgências do centro de saúde. Estava a trabalhar, de manhã, e sentia um aperto em mim, que me dificultava a respiração. A médica passou-me medicação para baixar o pico de ansiedade e eu decidi meter uma semana de férias no trabalho.

Acho que este foi o ponto chave, para que hoje me sinta bem. E realmente sinto. Foi o momento chave para mudar a minha vida, mudar as minhas rotinas, mudar os meus hábitos. A terapia está apenas no começo (e creio que acertei em cheio, tanto na psicóloga, como na psiquiatra). Sinto-me sereno, calmo, animado e com outra predisposição para viver.

Claro que há um ou outro momento de stress. Vai sempre haver, seja na vida pessoal, seja na vida profissional, mas consigo ver as coisas com outra clareza. Obviamente, ainda não tenho as ferramentas necessárias para lidar com certas situações mais problemáticas para mim e que me levaram a procurar ajuda profissional.

Ontem, durante a consulta, o que mais me ficou marcado na memória, é que neste momento, é como se tivesse pegado em todas as minhas emoções e colocado numa tômbola. Nunca sei o que vai sair da tômbola. E é nisso que a terapia vai ajudar. A identificar o que estou a sentir em determinado momento. Qual a causa do sentimento? Como posso atuar para controlar uma emoção negativa?

O jogo trouxe muitos danos a nível da minha personalidade e das minhas emoções. Muitos vêm da minha infância e de acontecimentos ao longo da minha vida pré e pós jogo. Sempre fui uma pessoa que guardava todas as emoções para mim. Dificilmente falava com alguém sobre algum problema que tivesse. Hoje, já o consigo fazer.

No futuro vou conseguir lidar com os meus problemas, com as minhas emoções, com os meus sentimentos. No futuro vou conseguir fazer tudo o que eu quiser fazer.

Num dos livros que li, o Hábitos Atómicos, do autor James Clear, o mesmo diz que não nos devemos concentrar no objetivo que queremos, mas sim no processo para concretizarmos o objetivo. Eu sei o que quero ser e vou fazer o meu processo para o concretizar. Não tenho dúvida nenhuma

Digam não ao jogo. Digam sim a uma vida normal.

(Se algum de vocês está a passar por uma fase complicada relacionada com este tema e precisar desabafar, podem entrar em contato comigo. Ninguém está sozinho.).