Estava de regresso à minha ilha, à minha casa. Pronto para dar a volta por cima, com o apoio dos meus pais, dos meus amigos. Tinha tudo para correr bem. Tinha o meu trabalho, estava estável, pensava eu.
Entre 2013 e 2019 posso dizer que vivi uma vida normal, sem acontecimentos de maior. Tive os meus trabalhos temporários, e estava a cumprir uma das minhas maiores paixões. Era o treinador da equipa sénior de futsal.
Encarei esta função com todo o orgulho e profissionalismo que ela acarreta. Era um “puto” de 28 anos quando assumi a função e treinava uma equipa, em que talvez 60% dos jogadores eram mais velhos do que eu. Era difícil, mas tentei sempre dar o meu melhor.
As apostas. As apostas estiveram sempre presentes. Nesta fase, havia uma casa de apostas (BET365), que mais parecia um oásis para os apostadores. Quem nunca perdeu uma aposta múltipla por um jogo? O ultimo jogo da sequência que te faltava? Bem, esta casa, dava a possibilidade de encerrar a aposta com lucro, ou encerrar ara minimizar as perdas.
Para contextualizar, nesta altura já não apostava só em futebol. Apostava em futebol, apostava em ténis, basquetebol, corridas de cavalos e até corridas de galgos. Só não apostava no Campeonato do Mundo de berlindes, porque não havia.
Certo dia, estava eu no meu local de trabalho e em conversa com um colega meu, disse:
“vou cometer uma loucura!”. Na minha conta bancária só tinha 100€. “Vou pôr os 100€ numa aposta”. O meu colega perguntou logo se eu estava maluco. Estava com o “feeling”. O mesmo “feeling” que todos os apostadores têm.
Era uma múltipla de 17 jogos. Se acertasse tudo, ganhava 3000 e poucos euros. Três dias depois, um dia antes do meu casamento, mais 5000 e tal. Penso que foi o único dinheiro, ganho em apostas, que usufruí na minha vida.
Todos nós temos aquele amigo apostador, em que por norma a conversa é “ganhei x€ nesta aposta, ganhei y€ naquela aposta”; “fiz uma aposta linda, falhei por um, ia buscar x²^y²€”. Quase que dava para a entrada de uma casa. Na verdade, olhando para o espectro temporal da minha história, é bem provavel que o que gastei, desse para a entrada de uma casa, aos preços actuais de mercado (entre o que perdi, ganhei e voltei a perder).
Fui de férias, gastei o que tinha que gastar. Usei o dinheiro para mim. E estava feliz. Uma falsa felicidade talvez, mas também haveria de durar pouco tempo.
Tudo ia piorar. Já ouviram falar em slots? Acredito que muitos já. A entrada no mundo das slots foi o ponto crítico na minha história de adição ao jogo online.
A facilidade, a adrenalina, todo o grafismo das slots. Parecem banalidades. Eu depois conto…
Sei que muitos se vão identificar com esta história. E ela não termina aqui. Em breve, conto-vos o resto.
Digam não ao jogo. Digam sim a uma vida normal.
(Se algum de vocês está a passar por uma fase complicada relacionada com este tema e precisar desabafar, podem entrar em contato comigo. Ninguém está sozinho.)