Outubro de 2008. Olhando para trás com clareza, é uma data chave. É o ponto de viragem. Talvez a expressão seja mais utilizada essencialmente para momentos em que damos a volta para situações positivas. Não foi o caso.
Outubro de 2008, foi uma data marcante. Estava à espera de colocação na faculdade. O meu percurso académico fugiu um pouco do normal. Estive no ensino secundário dito “normal”. Passei por um curso profissional na Madeira, mas tinha feito uma promessa a mim mesmo. No final de cada ano lectivo, ia fazer o exames nacionais como aluno externo, na tentativa de entrar no ensino superior.
Chegou o dia. Tinha tido aprovação nos exames, faltava saber se tinha sido colocado. Uma noite de nervosismo, ansiedade e por fim, euforia. Fui colocado no Instituto Superior de Engenharia do Porto, no curso de Engenharia Civil. Não era o curso que queria, era Arquitetura, mas era o mais aproximado, diria eu.
Estávamos todos felizes. Família, amigos. Muitos deles também tinham sido colocados. É uma altura feliz. É o início de uma nova etapa. Para o bem e para o mal.
Durante dois dias, uma correria a nível logístico. Comprar passagens, arrumar a “tralha”, o tempo a passar demasiado rápido a caminho de um mundo novo, cheio de oportunidades.
Chegado ao Porto, depois de assentar bagagens no meu novo quarto, fui com à minha mãe à faculdade, para me matricular. Entrei no campus, uma coisa enorme. Não conhecia ninguém. Reparei que estava um grupo de pessoas trajadas e fui ter com eles, perguntar se me podiam dizer onde eram as matrículas.
“Claro que sim! Nome?” Perguntou um deles. “André Pinto” disse eu. Saca ele de uma prancheta, cheia de folhas, vai folheando até quase à última e diz: “F***-se, como é que entraste com esta nota?”. Espantado, pensei para mim que 14,5 não era assim tão mau.
Foi o meu primeiro contato com a taculdade. Senti-me um peixe fora de água, completamente desajustado. Passaram alguns dias, deixei de ir às aulas. Dias passaram a meses, meses passaram a anos.
E é nesta altura que surge o meu primeiro contacto com o jogo online. Na altura, deram-me a conhecer a PokerStars. À data, o meu dinheiro, era o dinheiro que os meus pais me enviavam. Não era muito, mas era mais que suficiente para um estudante. Como não havia MBWAY na altura, os meus primeiros depósitos na PokerStars eram pequenos e para o fazer, tinha que me deslocar a uma caixa automática, ou ao balcão do banco. Não era nada prático, mas lá quando tinha tempo, era o que fazia.
Passados 16 anos, olho para trás e vejo que foi ali que tudo começou. Foi ali que a forma como lidei com todos os acontecimentos na minha vida mudou.
A história tem muitos capítulos. Em breve partilho convosco um pouco da minha história.
Digam não ao jogo. Digam sim a uma vida normal.
(se conhecem alguém a passar por uma fase complicada relativamente a este tema, partilhem esta história. A quem passa por isto, entre em contacto comigo. Ninguém está só.)