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Jogo online, o fundo do poço.

22 Jan, 2025
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Jogo online, o fundo do poço.

22 Jan, 2025

Neste meu relato, nunca me vão ver escrever sobre pessoas que passaram na minha vida, a não ser a minha família e alguns amigos. Porque esta história é minha e por respeito a essas pessoas que fizeram parte da minha vida.

Neste meu percurso relacionado com o jogo online, divido o mesmo em dois momentos. O momento pré slots (apostas desportivas, poker) e o momento em que me viro para as slots. Para quem não sabe o que são as slots, deixo aqui um pequeno vídeo no final do texto, para terem uma noção. 

Enquanto que no período em que me dedicava às apostas desportivas e ao poker, estava tudo relativamente controlado. Quando viro o meu foco para as slots, tudo muda. Tudo muda financeiramente, tudo mudo na minha forma ser e de lidar com as coisas.

Hoje, posso dizer que foi o pior que me aconteceu. O mundo das slots é um mundo de emoções mistas. Um mundo de adrenalina, um mundo de ilusão, um mundo de frustração. E isso tem um impacto brutal na nossa forma de ser, de gerir emoções.

No meu caso em concreto, vi mudanças enormes. Para pior.

Mas vamos por partes. Chegava o dia de receber o meu vencimento, muitas vezes pagava as minhas contas e o que sobrava, era para jogar. Outras vezes, pagava apenas algumas das minhas contas e usava o resto para jogar. Quando digo que o meu ponto mais baixo foi a partir do momento em que me virei para a slots, não estou a aligeirar.

Houve meses, em que no dia que recebia o vencimento, ou no dia seguinte, já não tinha dinheiro. Por vezes gastava o meu dinheiro todo e guardava por volta de 100€, para aguentar um mês inteiro. Outras vezes não.

Das vezes que deixava essa quantia mínima de parte, era para iludir os meus pais. Para que quando eles perguntassem se eu ainda tinha dinheiro, eu dizia que sim.

Aos poucos sentia-me cada vez mais isolado. Os meus amigos convidavam-me para sair, para jantar e eu inventava uma desculpa qualquer, quando o motivo era só um: não tinha dinheiro. Ao longo do tempo, afastaram-se. E quando isso aconteceu, culpei tudo e todos, quando o único culpado era eu.

Estava cada vez mais sozinho. Sempre me disseram que temos que aprender a estar sozinhos. Concordo plenamente. Mas como conseguimos gostar de estar sozinhos, se o que nos levou a isso não foi uma escolha, mas sim um problema.

Confesso que nunca lidei bem com isto e toda a minha frustração era descarregada nas pessoas que mais gostavam de mim. Na minha família.

Houve momentos em que tive atitudes que não me orgulho, nem me revejo. Momentos em que simplesmente existia fisicamente. Momentos em que deixei que todas essas emoções influenciassem a minha vida pessoal e profissional.

Foram anos assim. Foram anos de sofrimento. Eu nunca fui uma pessoa que quando tinha algum problema ou algo que me incomodasse, tivesse facilidade em expor e falar. Não o fazia com os meus pais, não o fazia com o meu irmão, não o fazia com os meus amigos. Sempre que me perguntavam como é que eu estava, respondia sempre que estava tudo bem.

Até que chegou a altura de pedir ajuda profissional, para aprender a lidar com isto tudo.

Nos próximos capítulos, vou direcionar a história para o momento em que recorri a ajuda profissional, mas garanto-vos, que os problemas não acabaram aí.

Sei que muitos se vão identificar com esta história. E ela não termina aqui. Em breve, conto-vos o resto.

Digam não ao jogo. Digam sim a uma vida normal.

(Se algum de vocês está a passar por uma fase complicada relacionada com este tema e precisar desabafar, podem entrar em contato comigo. Ninguém está sozinho.)

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