Quase metade da minha vida, foi passada num ciclo de vicio, relacionamentos falhados, amizades perdidas e sofrimento causado a pessoas que gostavam de mim. Hoje, o meu foco e a minha motivação em resolver as minhas lacunas, são os motivos que me devolvem a capacidade de sorrir outra vez.
16 anos separam o inicio desta história e o momento atual. 16 anos de momentos felizes, mas também de momentos muito maus. Momentos em que senti que não havia escapatória. Momentos de sufoco.
Nestes 16 anos, sempre achei que conseguia ultrapassar os meus problemas sozinho. Sempre me achei uma pessoa culta e inteligente, capaz de identificar os problemas e resolvê-los . Não é verdade.
Na primeira consulta com a minha nova psicóloga, eu tive este discurso, tal e qual como o acabei de escrever. A resposta dela surpreendeu-me e apesar de ter sido a primeira consulta, deu-me a sensação de que é a pessoa certa. A resposta dela foi: “podes ser a pessoa mais inteligente ou culta do mundo, mas não tens inteligência emocional”. Nada mais acertado.
Tive sempre os mesmos padrões. Demasiado apegado em relacionamentos, necessidade de afeto, de atenção, de validação. Fosse qual fosse o tipo de relacionamento. E isto não tem nada que ver com inteligência ou cultura geral. Tem que ver com inteligência emocional e eu nunca tive ferramentas para lidar com isso.
A adição teve um papel importante nesta forma de lidar com os problemas, porque adicionou uma serie de outras emoções. Como se de um cocktail se tratasse.
De facto, por não saber gerir os meus sentimentos, magoei e afastei muita gente que gostava de mim. Descarreguei muita da minha frustração e dos meus problemas, em pessoas que não devia. Na verdade, a responsabilidade é minha, não delas.
A todas as pessoas que magoei e afastei, o meu mais sincero pedido de desculpas. Amigos, familiares, ex relacionamentos.
Devo dizer que, o objetivo principal de partilhar convosco a minha história é só um. Ao expor todos estes acontecimentos aqui, é uma forma de me lembrar sempre de um lugar onde não quero voltar. É terapêutico para mim, o pensamento e a escrita. Não estou aqui à procura da “pena” de ninguém.
As coisas são como são e a história não pode ser apagada, mas pode ser corrigida. E é o que estou a fazer. E é o que vou conseguir. Neste momento sou acompanhado psiquiatricamente e psicologicamente e sinto, talvez pela primeira vez na vida, que tomei a decisão correta. Sinto, pela primeira vez na vida, que estou focado em mudar e aprendera suprimir as minhas lacunas. Com ajuda de medicação, com terapia, com todas as ferramentas que me possam vir a ser úteis.
Neste processo todo, se conseguir inspirar alguém a mudar de rumo, serei verdadeiramente uma pessoa feliz. Este é um dos outros objetivos de estar aqui a contar a minha história. Nunca é tarde. Há um mundo cheio de oportunidades ao nosso alcance.
Deixo uma palavra de agradecimento, a todas as pessoas que vieram ao meu encontro para me deixarem uma palavra de incentivo, de força, de coragem. Gostava que muitas mais, principalmente as que se encontram em situações difíceis ou no limiar de perder o controlo, perdessem a “vergonha”. Em mim, encontram alguém que nunca vos irá julgar, apenas tentar ajudar naquilo que puder.
Em breve conto-vos um pouco do meu processo terapêutico.
Sei que muitos se vão identificar com esta história. E ela não termina aqui.
Digam não ao jogo. Digam sim a uma vida normal.
(Se algum de vocês está a passar por uma fase complicada relacionada com este tema e precisar desabafar, podem entrar em contato comigo. Ninguém está sozinho.)