Algumas pessoas têm um autocontrolo maior do que outras, em diversos assuntos. Uma pessoa que se torna viciada, não possuí esse autocontrolo e isso na maioria das vezes leva a casos extremos. Acreditem que, por experiência própria, é uma linha tão ténue, passar de apostador ocasional, para um viciado.
Aqui há uns tempos, nas sondagens que costumo colocar no site, fiz uma pergunta que tinha a ver com o facto de se uma pessoa apostar 1 ou 2€ de vez em quando, era considerado um vicio. Não sei se vicio será o conceito mais adequado, mas se calhar é um hábito.
Eu, como tantas outras pessoas que viu a sua vida limitada pelo jogo online, também comecei a apostar 1 ou 2€ ocasionalmente. Tornou-se um hábito. A meu ver, existem hábitos bons e maus, como é óbvio, mas um hábito pode tornar-se um vicio. Vou dar um exemplo: Muitas pessoas têm o hábito de ir à missa aos domingos. Religiosamente, todos os domingos, vão à igreja. É um hábito. A palavra vicio, geralmente tem uma conotação negativa associada. Ora, se a pessoa que vai à igreja todos os domingos, começar a ir à igreja todos os dias, dificilmente diremos que é algo mau. Mas se um apostador/jogador online, que apostava ao sábado e ao domingo, começar a apostar todos os dias, o caso já muda de figura. Não sei se para quem lê faz sentido, mas penso que é um bom exemplo.
O mesmo se aplica ao valor com que se joga. Como disse, a maioria começa com 1 ou 2€. Uns tempos depois, não satisfeito com o valor que poderá vir a ganhar, começa a apostar 5 ou 10€, mas o prémio que poderá ganhar ainda não é suficientemente atrativo. Quando dá por si, já está a jogar com valores exorbitantes. E digo-vos, passar de 1 ou 2€, para passar a jogar com 50 ou 100€, é uma linha tão ténue, que muitas vezes nem nos apercebemos no momento. Mas vamos sentir na carteira.
O aumento da frequência como que se joga, associado ao valor em crescendo que se vai utilizado, é diretamente proporcional, à frustração, à raiva, à vergonha que se sente quando se perde.
Como explico no vídeo, a falta de sensibilização e de consciencialização que existe em relação a este tema, é um dos fatores mais importante. Existe uma inércia tão grande por parte das entidades com responsabilidade social, principalmente com as os jovens, que faz com que cada vez mais, existam casos graves de adição ao jogo online.
Vou deixar-vos na página principal, o link para autoexclusão de todas as casas de apostas e casinos online que estão regulados em Portugal. Contudo, existem casas que não estão reguladas em Portugal, mas que operam por cá. Nessas, o pedido de autoexclusão tem de ser feito mesmo no site do operador.
Foi uma das coisas que fiz no meu processo. No livro Hábitos Atómicos, James Clear diz que se queremos criar um hábito bom, devemos torna-lo visível. Neste caso, aquilo que temos que fazer, é torna-lo invisível e a autoexclusão, associada a outras medidas que têm que ser tomadas, são passos que ajudam no processo que tem de ser feito, nunca esquecendo a terapia.
Digam não ao jogo. Digam sim a uma vida normal.
(Se algum de vocês está a passar por uma fase complicada relacionada com este tema e precisar desabafar, podem entrar em contato comigo. Ninguém está sozinho.).