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Como superar o vício do jogo?

20 Abr, 2025
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Como superar o vício do jogo?

20 Abr, 2025

Fazendo uma rápida pesquisa em qualquer motor de busca, vemos facilmente que esta é uma das questões mais efetuadas por apostadores. Não há uma fórmula mágica. O que resulta para uns, pode não resultar para outros, mas, na minha opinião, existem decisões que ao serem tomadas, podem ajudar bastante para deixar de jogar.

Lembro-me bem, de todas as vezes que, durante os 16 anos em que estive ligado ao jogo online, tentei deixar de jogar. Ficava meses sem jogar. O problema era que não tinha a minha mente estruturada para o fazer. Deixava de jogar, mas não fazia o necessário para não voltar a recair.

Apesar de reconhecer que um vicio é um vicio e que não desaparece, na minha mente eu identifico-me como não jogador. No livro Hábitos Atómicos, de James Clear, ele dá um exemplo concreto. 3 pessoas vão a um restaurante e 2 delas estão a tentar deixar de fumar. A terceira pessoa oferece um cigarro a uma delas e esta responde “não obrigado, estou a tentar deixar de fumar” e oferece um cigarro à outra pessoa, que responde “não obrigado, não sou fumador”.

Este para mim é um aspeto importante, porque é a visão daquilo que queremos ser. Eu não quero voltar a jogar e estou a fazer o meu processo para que não volte a acontecer, mas a principal diferença entre esta e todas as outras tentativas que fiz, é a minha mente.

Na terapia, falamos muito que o jogo, era uma forma de escape em relação a todos os acontecimentos que se passaram na minha vida. Por norma, temos tendência a relativizar essa perspetiva, porque os jogadores, focam-se muito no momento atual e na sua impulsividade. Eu quando jogava, ao fazê-lo, não pensava em acontecimentos traumáticos ou negativos do meu passado, concentrava-me naquele momento e naquele momento, eu só queria ganhar dinheiro para voltar a estar numa posição financeira desafogada. Obviamente que não era esse o resultado final.

Mas ao vermos as coisas com clarividência, percebemos que inconscientemente, tudo o que nos aconteceu ou acontece a nível traumático, tem influência nas decisões que tomamos, principalmente em momentos de stress. Esse é um trabalho que tem de ser feito na terapia e é um trabalho que eu tenho feito e vou continuar a fazer. A terapia veio para ficar, definitivamente.

Como já referi em publicações anteriores, tenho a noção que existem casos bem mais complexos que o meu, daí dizer que o que resulta para mim, pode não resultar para outra pessoa. Creio que o que escrevi no GUIA PRÁTICO (que está disponível de forma gratuita no site), contém linhas gerais que podem ser muito úteis a quem está a tentar dar um rumo diferente à sua vida.

Na última sessão de terapia, focamo-nos muito nas relações interpessoais. Mais uma vez falamos da imposição de limites e naquilo que permitimos que nos façam. Desde que comecei a impor alguns limites, sinto que me valorizo enquanto pessoa, enquanto individuo. Existem muitos danos causados à minha autoestima, danos esses causados durante anos, muito por não ter tido a capacidade de impor esses limites e não me colocar em primeiro lugar.

Esses limites têm de ser impostos em todos os âmbitos da nossa vida. Na nossa vida pessoal, na nossa vida profissional, sempre que sentimos que estão a invadir o nosso espaço de uma forma negativa. E para impor limites, não temos que ser agressivos, mal-educados, desrespeitadores e muito menos temos que ter medo da reação que vem do outro lado. O que está em questão é a forma como nos tratam e nos desrespeitam. A partir do momento em que isso acontece, temos que impor os nossos limites.

De facto, não é um trabalho fácil, para aqueles que nunca tiveram que o fazer, mas a partir do momento em que começamos, sentimo-nos mais aliviados, mais leves. De certa forma, aquilo que fiz em relação ao jogo, foi impor o meu limite, de tal forma, que neste momento consigo estar num grupo em que estão a falar de apostas ou de slots e não me fazer confusão, não sentir atração para jogar.

A vida tem sido tão mais bonita desde que tomei a decisão de me tratar em relação à adição. Não há limites para aquilo que eu quero fazer, não há condicionalismos, não há desculpas para não poder fazer o que quer que seja. E assim vai continuar, porque eu disse não ao jogo, definitivamente.

Digam não ao jogo. Digam sim a uma vida normal.

(Se algum de vocês está a passar por uma fase complicada relacionada com este tema e precisar desabafar, podem entrar em contato comigo. Ninguém está sozinho.).

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